O risco de viver - Gilberto Marques

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28/01/2011

O risco de viver - Gilberto Marques

28/01/2011
O risco de viver - Gilberto Marques

Publicado no Diario de Pernambuco - 28.01.2011

advgilbertomarques@hotmail.com

A tragédia carioca trouxe consigo algumas peculiaridades. A mais significativa talvez seja a que atingiu, de frente, a classe média e alta.

A chuva e a estiagem, no mais das vezes, ofende a população ribeirinha, da favela, do morro, da caatinga. Lá não se vê gente bem aquinhoada. A não ser a turma da maconha ou congêneres.

Na possessão enfitêutica da família real - Petrópolis, Teresópolis e adjacências, nem Nossa Senhora sobrou, nas igrejas, para contar a história, tal qual em Barreiros-PE.

A falta de prevenção, planejamento e fiscalização do estado, num instante foi diagnosticada. E há prejuízo sem remédio. Medo, dor e saudade têm de sobra no evento.

O caso fortuito ou de força maior se justifica, perante a Lei, por ser incoercível e pela imprevisibilidade.

No entanto, se a gente, que não é prefeito, nem fiscal, olhar em volta, vê que muita coisa é previsível. O barracão pendurado no morro, o montão de lixo solto ladeira abaixo, o assoreamento do mangue, dos rios e marés ajuda o acidente de percurso, colabora com o fato, avoluma a tragédia.

Na Estrada do Arraial, em frente a Rua Des. Célio Montenegro, nos fundos da sede da Apae - recém construída, tem tudo isso: construção irregular, casa pendurada, deslizamento, lixão e omissão. Nas histórias do Recife é comum João dar as costas. A lona preta das encostas pode ser apenas, antecipação do luto. Não se tapa o sol com peneira, nem chuva com lona preta. 

Se o Alto Santa Isabel vier abaixo leva tudo com ele. Além da Santa, vai o Solar das Palmeiras e o que mais tiver no caminho das águas. Com o rim novo seu prefeito ficou mal, acabou até com o Rei Momo gordo. Se bem que desde o começo ele mostrou que era contra o rei.

Na Maternidade da Encruzilhada colocaram um caixa eletrônico na frente do quarto dos médicos. Há rumores que, com a chegada do Bradesco, outros caixas serão instalados, no mesmo lugar. Haja dinheiro no corredor...

Como menino não tem hora para nascer, a Maternidade vive de plantão. E os médicos,no quarto, esperando neném. Os caixas não perdem por esperar. É bomba. Certamente, quem gosta de dinheiro não pensa nas criancinhas. Será o caso dos banqueiros e dos bandidos? Nuncas se sabe. O certo é que a rampa do Cisam não aguenta dinamite. A turma atacou o Hiper Bombreço de Casa Forte em plena luz do dia

Após as tragédias de janeiro: Rio, São Paulo, Santa Catarina, Afogados da Ingazeira e outras, a ordem é prevenir para evitar. Com a palavra Dilma Roussef. 

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