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13/07/2009Meu caro irmão Assuero - Enéas Alvarez
13/07/2009Publicado no Jornal do Commercio - 12.07.2009
Li com interesse sua carta aos católicos, domingo último. Apreciei seu estilo profético, claro e contundente, extasiado com a alegria que a renúncia de dom José Cardoso lhe causou.
Você não terá tido mais problemas com ele do que eu, desde o dia em que me decidi a ser padre ortodoxo. Foram sempre tensos e sofridos os vários encontros que tivemos, até mesmo quando eu e meu Arcebispo o visitamos cordialmente.
Durante os últimos vinte anos, temos nos observado, os dois, bem de soslaio, exercitando a relação cordial e inevitável entre duas instituições filiadas ao mesmo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs.
Mas... se dom José terá passado a muitos a impressão de intolerante e autoritário, passou igualmente a rara impressão de supercoerência com o que crê e faz. Engana-se com ele quem quer. O pão será sempre pão, sem queijo ou manteiga. Há nele uma decidida obstinação e um destemor invulgares.
Se ele causou sofrimento a algumas pessoas queridas, por certo terá suportado muito sofrimento de outras, como dom Helder Camara também sofreu. Suas noites não terão sido tão tranquilas quanto as nossas, nesse redil encharcado pela ternura helderista ou numa Igreja mutante, cheia de aggiornamentos.
Seu tempo de pastoreio se cumpriu. Assumirá um novo arcebispo, no qual se põem todos os entusiasmos. Convenhamos, ambos pertencem à mesma Igreja bimilenar, a cuja disciplina prometeram cegas fidelidade e obediência.
Certamente dom Fernando, feito monge por dom Penido, ordenado padre por dom Helder Camara e sagrado bispo (por escolha sua) por dom Cardoso, terá herdado dos três, lições úteis ao seu rebanho. Saberá dizer sim, quando esse sim for possível, e não, quando esse não for inevitável, apoiando-se na virtuosa paciência beneditina. De dom Helder, se diz que sabia dizer não com gosto de sim. De dom Cardoso, se diz o contrário. Duas almas, dois temperamentos, a que sucede agora dom Fernando, igualmente bendito, porque vem em nome do Senhor. Só o tempo dirá o sabor de seus sins e de seus nãos...
Que Deus o ajude a encontrar o fio condutor desse difícil caminho – e que todos se deem as mãos, ajudando-o, sem euforias ou rancores, a empunhar com amor e justiça seu báculo de pastor. Assim oram, também, as Igrejas irmãs, como a minha, que igualmente lutam, por aqui, para proclamar conjuntamente com a Igreja de Roma, a Boa Nova do Senhor.
Você não terá tido mais problemas com ele do que eu, desde o dia em que me decidi a ser padre ortodoxo. Foram sempre tensos e sofridos os vários encontros que tivemos, até mesmo quando eu e meu Arcebispo o visitamos cordialmente.
Durante os últimos vinte anos, temos nos observado, os dois, bem de soslaio, exercitando a relação cordial e inevitável entre duas instituições filiadas ao mesmo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs.
Mas... se dom José terá passado a muitos a impressão de intolerante e autoritário, passou igualmente a rara impressão de supercoerência com o que crê e faz. Engana-se com ele quem quer. O pão será sempre pão, sem queijo ou manteiga. Há nele uma decidida obstinação e um destemor invulgares.
Se ele causou sofrimento a algumas pessoas queridas, por certo terá suportado muito sofrimento de outras, como dom Helder Camara também sofreu. Suas noites não terão sido tão tranquilas quanto as nossas, nesse redil encharcado pela ternura helderista ou numa Igreja mutante, cheia de aggiornamentos.
Seu tempo de pastoreio se cumpriu. Assumirá um novo arcebispo, no qual se põem todos os entusiasmos. Convenhamos, ambos pertencem à mesma Igreja bimilenar, a cuja disciplina prometeram cegas fidelidade e obediência.
Certamente dom Fernando, feito monge por dom Penido, ordenado padre por dom Helder Camara e sagrado bispo (por escolha sua) por dom Cardoso, terá herdado dos três, lições úteis ao seu rebanho. Saberá dizer sim, quando esse sim for possível, e não, quando esse não for inevitável, apoiando-se na virtuosa paciência beneditina. De dom Helder, se diz que sabia dizer não com gosto de sim. De dom Cardoso, se diz o contrário. Duas almas, dois temperamentos, a que sucede agora dom Fernando, igualmente bendito, porque vem em nome do Senhor. Só o tempo dirá o sabor de seus sins e de seus nãos...
Que Deus o ajude a encontrar o fio condutor desse difícil caminho – e que todos se deem as mãos, ajudando-o, sem euforias ou rancores, a empunhar com amor e justiça seu báculo de pastor. Assim oram, também, as Igrejas irmãs, como a minha, que igualmente lutam, por aqui, para proclamar conjuntamente com a Igreja de Roma, a Boa Nova do Senhor.