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13/05/2010Converter condições? - Luciano Pereira de Carvalho
13/05/2010Publicado no Diario de Pernambuco - 13.05.2010
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No mundo das relações humanas, o ser e o parecer são de fato, uma mesma coisa. No caso aqui exposto, é preciso considerar os efeitos políticos de trazer ao público sentimentos cuja própria natureza as leva a buscar a proteção de uma obscuridade. Refiro-me à decisão pernambucana do Partido dos Trabalhadores ao preterir o ex-prefeito João Paulo na disputa de uma vaga para o Senado, pela sigla. Em principio nada tenho contra o escolhido - Humberto Costa. E muito menos mantenho qualquer ligação com o ex-Prefeito. Aliás, na verdade, nada tenho a ver com esses fatos. Até porque não sou e nem nunca fui eleitor do PT. E mesmo que nutrisse alguma simpatia pela agremiação, depois dos acontecimentos ligados à "mensaleiros" e a "aloprados", não poderia manter qualquer ligação a um partido político que, ao assumir o poder modificou radicalmente a sua postura ética. Mas justifico este entendimento, como cidadão e, num reconhecimento ao trabalho de João Paulo, como Prefeito do Recife, em duas seguidas memoráveis administrações.
Com isso, o partido se projetou, não somente na capital, com repercussão em todo o estado de Pernambuco. Sendo que, no segundo mandato, o então prefeito obteve mais votos, do que o candidato da oposição, ex-governador do Estado e, na época, Deputado Federal - Roberto Magalhães, reconhecido como um dos políticos mais sérios, honrados e competentes da nação. Em seguida, mesmo contra a opinião dos "caciques petistas" do estado conduziu à sua sucessão, um ex-secretário de sua administração, que jamais havia disputado cargo eletivo, elegendo-o logo no primeiro turno. Uma vitória devida exclusivamente ao petista João Paulo. No entanto, veja-se como são as coisas no Partido dos Trabalhadores. Alguns meses depois da posse, o novo prefeito já dá um pontapé no traseiro do seu criador.
Na sequência dos acontecimentos, o PT rejeita uma justa reivindicação de João Paulo à sua candidatura ao Senado Federal. Restando a imposição de uma candidatura à deputado federal que não era a dele, nem representa o reconhecimento do que merece o ex-prefeito perante a organização partidária. Razões de estado? Não acredito. E, apesar de tudo, como homem de fortíssima noção partidária deixou ele se exaurir o prazo legal que lhe oferecia condições de migrar para outra sigla, onde fossem reconhecidas, notadamente, as suas qualidades políticas. E a lei, sabemos todos nós, é feita para homens, não para anjos ou demônios!