Casa dos pobres São Francisco de Assis - Giovanni Mastroianni

10/02/2011

Publicado no Diario de Pernambuco - 10.02.2011

Intitulei de ´Na Casa de São Francisco há lugar para a velhice` artigo que publiquei há mais de 40 anos, após visita que fiz à ´Casa dos Pobres São Francisco de Assis`, de Caruaru, instituição que fora criada pela Loja Maçônica Dever e Humanidade. Motivaram sua existência dezenas de pedintes que, perambulando pelas ruas da ´capital do Agreste`, na sua maioria em idade avançada, transformavam em leito as artérias da cidade.

Surgida em 1948, graças às contribuições do povo caruaruense, das verbas liberadas de uma dotação estadual e de um terreno doado pela prefeitura, aquela instituição filantrópica ainda sobrevive, dispondo, atualmente, cerca de 100 leitos, dos quais 95 encontram-se, no momento, quase todos ocupados, com uma média de 10% inteiramente grátis.

Para manter uma entidade de tal porte, sua presente diretoria, integrada pelos abnegados Edson Antonio Bezerra, Adelino José Salomão, José Geraldo da Silva, Carlos Antonio Oliveirada Silva, Edvaldo Antonio Bezerra, Paulo Roberto Santos e Adalberto Simplício da Silva, sem dispor de verbas oriundas de órgãos públicos, vale-se da ajuda de 1.500 sócios contribuintes e dos aluguéis das lojinhas de alvenaria construídas nas adjacências. Seu estacionamento interno abriga dezenas de veículos, advindos das mais diversas localidades da região, principalmente nos dias de feira. O abrigo, ao longo desses 62 anos, tem cumprido fielmente sua principal finalidade que é a de assistir humanamente os mendicantes da região.

Dispondo de uma regular área para a produção de frutas, legumes e verduras, integrantes da equipe administrativa e alguns dos internos cultivam produtos para consumo privativo.

A saúde dos internos é preservada através de uma policlínica da terceira idade, sob os auspícios da municipalidade, mediante a liberação de um grupo de médicos e odontologistas que presta assistência gratuita aos internos da Casa. Convênio firmado com a Associação Caruaruense de Ensino Superior - Asces - permite que a entidade mantenha uma clínica de fisioterapia para atendimento, não apenas aos internos, mas, igualmente, à comunidade carente. Fisioterapeutas e estagiários da Asces, além de especialistas da instituição, prestam indispensável assistência. 

Como é óbvio, não poderia faltar, num órgão que acolhe tantos idosos, a presença de um geriatra, missão essa que está confiada ao abnegado médico citadino José Reinaldo.

No momento em que o diretor Adelino José Salomão fornecia os subsídios para este artigo, registrava-se a cessão gratuita pelo colaborador Cristiano Gomes de um singular aparelho de fisioterapia, fabricado pelo próprio empresário, que será de grande valia para os abrigados.

Assim é a Casa dos Pobres de São Francisco de Assis, com incontáveis serviços prestados à velhice desamparada, aos inválidos e até aos insanos, como pude comprovar, mais uma vez.