Notícias
14/12/2009Alegria do Natal - Nilzardo Carneiro Leao
14/12/2009Publicado na Folha de Pernambuco - 14.12.2009
Vale a pena em tempos de Natal, dar à noite um passeio pelas ruas do Recife, contemplar suas pontes, luzes a refletir-se no Capibaribe tranquilo e vestido de cores, suas residências e seus edifícios, visitar suas praças, sejam as do centro da cidade, sejam as dos diversos bairros,contemplar a decoração dos prédios. Vale a pena postar-se em uma esquina, no horário de comércio e ver o movimento das pessoas, um ir e vir permanente, uma pressa, um corre-corre, pacotes sendo conduzidos, o conversar rápido, o apontar uma direção, o sair rapidamente, o riso do reencontro. Vale a pena ver a beleza de determinadas vitrines de lojas e shoppings. Vale a pena, mesmo não sendo católico, visitar uma igreja e ver a decoração, o presépio armado com tanto amor e veneração. E sempre um sorriso, um abraço, um afago, uma manifestação de bem-querer. Vale a pena ouvir os corais e seus cantos natalinos, os pastoris nos palcos, com o encarnado e azul das fantasias de crianças.
Bom seria se a maldade, a violência, a conduta reprovável, os excessos, a litigância e a malquerença ficassem um pouco escondidas para que houvesse a contemplação sem medo das luzes, da alegria a anunciar alguma coisa muito grande e importante que está próximo a acontecer e que há milhares de anos já estava anunciado no maior livro de todos os tempos, a Bíblia. Lá está:
“...no princípio era o Verbo e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele e, sem ele, coisa alguma foi feita. O Verbo estava no mundo e o mundo, por meio dele, foi feito, mas o mundo não o conheceu. E o Verbo fez-se carne e habitou entre nós.” (Livro dos Livros).
Nove meses após a Anunciação, aconteceu o Seu nascimento, “à margem da história oficial, fora da cidade, no meio da noite, numa manjedoura de animais.” A data escolhida foi 25 de dezembro. É a verdadeira? Pouco importa. Há símbolos ligados a ela: uma estrela, uma criança envolvida em roupas simples, uma manjedoura, pastores em volta, animais. Ela é a Data Maior, do Evento Magno. Está escrito em Leitura I, Lucas, 2 1-7 :
“Todos iam alistar-se, cada um em sua própria cidade. José também subiu a Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, a cidade de Davi, a fim de alistar-se com Maria sua esposa, que está grávida. Estando eles ali aconteceu completarem-se os dias e ela deu à luz o seu filho, enfaixou-o e o deixou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.”
É bem verdade que o acontecimento histórico, que mudou o mundo em duas eras, antes e depois de Cristo foi confiscado de forma apelativa.
Mas, com todas as distorções, do converter-se o tempo do Natal em um só dar presentes, o trocar a figura do Cristo de bondade e de amor ao próximo pelo simpático Papai Noel, o bom velhinho com bochechas, de barbas brancas, vestido em vermelho, um saco de brinquedo às costas, continua ele como a Data Maior da Cristandade.
Razão teve o nosso Gilberto Freyre ao fazer singelo protesto:
“Papai Noel, vá embora,
vá para junto dos seus,
em terras cheias de neve.
Natal aqui é de sol,
Reinando o Menino Deus”
O Natal continua entre nós brasileiros, acreditem ou não na chegada de JESUS, o instante maior de alegria e fraternidade, valendo como prova de igualdade, o abraço dado ao rico ou ao pobre, ao negro ou ao branco, ao doutor ou ao não-doutor, ao crente ou a quem não tem religião, ao alvi-rubro, ao rubro-negro, ao tricolor.
Recebam todos os irmãos votos de um FELIZ NATAL, de paz, saúde, alegria, solidariedade e amor ao próximo.