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28/05/2012A Hora da Verdade - Antônio Campos
28/05/2012Veículo: Folha de Pernambuco
Caderno: Cidadania
Data: 28/05/2012
A Hora da Verdade
Antônio Campos*
O Brasil, enfim, conhecerá a Verdade, até então, adormecida, sobre violações aos direitos humanos do período ditatorial. Esse mês, a presidente Dilma Rousseff, após a instalação da Comissão da Verdade, nomeou os sete integrantes que irão compor o grupo responsável pela apuração dos crimes contra os Direitos Humanos no período de 1946 a 1988, o que inclui o período da Ditadura. Quase mil casos já estão na lista de investigação da Comissão, entre mortos, desaparecidos políticos e outras vítimas. O Instituto Miguel Arraes - IMA irá protocolar uma representação para investigar a Operação Condor, no Brasil. Muito bem disse a Presidenta Dilma que: “A palavra verdade, na tradição grega, é o contrário de esquecimento. Não abriga nem o ressentimento, nem o ódio, nem o perdão: é memória e é história”.
O grupo é formado pelo ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp, o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, o jurista e acadêmico José Paulo Cavalcanti Filho, a psicanalista Maria Rita Kehl, o professor Paulo Sérgio de Moraes Sarmento Pinheiro, que participa de missões internacionais da Organização das Nações Unidas (ONU), inclusive a que denunciou recentemente violações de direitos humanos na Síria, e a advogada Rosa Maria Cardoso Cunha, que defendeu Dilma durante a ditadura militar. Eles terão dois anos para apurar as violações durante a época descrita.
Anteriormente, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos produziu informações sobre o período referido, assim como a Comissão de Anistia, que atua há dez anos. Ambas irão ser aproveitadas pela Comissão da Verdade. Além disso, os sete integrantes poderão ter acesso a qualquer documento oficial, assim como convocar pessoas para depoimentos, promover audiências públicas e determinar perícias e diligências. É a oportunidade ideal para que o Brasil conheça a Verdade e, assim, amenize a dor dos que foram vítimas desse período brutal da nossa História. Afinal, já disse Cervantes: “A verdade alivia mais do que machuca. E estará sempre acima de qualquer falsidade, como o óleo sobre a água”.
*Advogado, Escritor e Membro da Academia Pernambucana de Letras
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