27 de janeiro de 1657 - Ramos André

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28/01/2010

27 de janeiro de 1657 - Ramos André

28/01/2010
27 de janeiro de 1657 - Ramos André

Publicado no Diario de Pernambuco - 28.01.10

jramosandre@ig.com.br

Os grandes acontecimentos que ocorreram nas Tabocas, em 3 de agosto de 1645, em Casa Forte, nos Montes dos Guararapes, até à rendição definitiva dos holandeses na Campina do Taborda, em 27 de janeiro de 1657, merecem ser avaliados em dimensão nacional, como primeiro marco do surgimento da nacionalidade. É que, mais do que a simples Restauração Pernambucana do domínio batavo, é nesta sublevação que começa a emergir um sentimento do que poderíamos chamar de pátria, que podemos começar a perceber o nascimento da nacionalidade brasileira e o começo do nosso exército.

Parece que por um efeito mágico, índios que já eram "civilizados", africanos que já esqueceram o continente negro, e portugueses que adotaram as novas terras como suas, onde constituíram suas famílias, em grande parte mestiças, uniram suas forças para lutar e desalojar o invasor.

Para entender o amálgama destas três raças, não podem esquecer-se três vetores relevantes: a inadequação da Companhia Ocidental holandesa, cujo objetivo era a exploração do comércio do açúcar; a colonização Duartina mais voltada para plasmar uma nova realidade civilizadora, dilatando a Fé e o Império; e a situação política em que Portugal se encontrava, governado por um rei espanhol, por força de herança dinástica. A partir de 1640, Lisboa tinha se sublevado dando início à guerra da Restauração Portuguesa contra o vizinho ibérico. Por isso, nenhuma ajuda expressiva podia ser esperada de Lisboa. Acresce ainda que a Espanha estava envolvida com a Holanda na guerra da Sucessão. Ora, essa justificável ausência da "Mãe Pátria", quer por questões estratégicas, quer por incapacidade prática, deixou os pernambucanos entregues à sua própria sorte, o que formou o cadinho para o já mencionado sentimento mágico de união de todos para expulsar o estrangeiro usurpador. É aí, talvez até de forma inconsciente, que nasce a Pátria Brasileira, conquanto se trate da defesa do vilipendiado Pernambuco. O sentimento de poder, de coragem, de se unir contra o inimigo comum, de ser capaz de expulsar qualquer invasor foi o despertar de uma nova realidade. Aí nasceu um novo povo.

E a nova mentalidade não parou. O 27 de janeiro, iniciado pela insurreição deflagrada nas Tabocas no dia 3 de agosto, continuou.

A guerra dos Mascates, a proclamação da República no Senado de Olinda, há duzentos anos; a Convenção de Beberibe, a Junta de Goiana, a Revolução dos Padres, 1817, a Confederação do Equador e outros movimentos e seus heróis atestam que Pernambuco manteve sempre a chama dos ideais da independência, alimentando os conspiradores de Minas ou do 7 de Setembro do Ipiranga. Por isso, o dia 27 de janeiro deve ser dia nacional, reconhecido como a semente que brotou e floresceu nos ideais que levaram à independência da Pátria.

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